Alcântara realiza pela primeira vez a Semana do Bebê Quilombola

12 dezembro 2022
Foto mostra diversas pessoas do lado de fora de uma casa.
UNICEF/BRZ/João Torres Jr.
Feirinha do Bebê Quilombola na Comunidade de Pavão, durante a Semana do Bebê Quilombola de Alcântara, realizada entre os dias 5 e 9 de dezembro de 2022.

São Luís, 12 de dezembro de 2022 – A Semana do Bebê Quilombola (SBQ), a mais bem-sucedida metodologia de mobilização social pela primeira infância em comunidades quilombolas brasileiras, acaba de ser realizada pela primeira vez na cidade Alcântara, no Maranhão, numa parceria entre o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Prefeitura Municipal de Alcântara, o Instituto Formação, a Fundação Josué Montello, o Instituto Alok e nove comunidades quilombolas da localidade. Idealizada pela professora maranhense Claudett Ribeiro, especialista em Primeira Infância pela Universidade de Harvard e consultora do UNICEF, e piloteada pela primeira vez em Bequimão, onde vem ocorrendo há mais de 10 anos, a SBQ tem o objetivo de assegurar uma atenção continuada às crianças quilombolas, especialmente na primeira infância, tornando o direito à sobrevivência e ao desenvolvimento infantil uma prioridade nessas comunidades tradicionais.

De 5 a 9 de dezembro, todas as nove comunidades quilombolas de Arenhengaua, Cajueiro, Itamatatiua, Pavão, Peroba, Peru, Samucangaua, Santo Inácio e Santa Maria, junto com as equipes das Secretarias Municipais de Educação, Saúde, Assistência Social, Meio Ambiente e Esporte de Alcântara, realizaram atividades como oficinas de produção, encontros entre gerações, momentos culturais, rodas de conversa e palestras sobre cuidados com os bebês; vacinação; amamentação e alimentação saudável; aprendizagem e inclusão escolar; promoção dos valores ancestrais que protegem as novas gerações; prevenção a violências; promoção da escuta cuidadosa às expressões de necessidades das crianças pequenas; entre outros. O propósito é tornar os direitos da primeira infância quilombola prioridade na agenda do município.

Anelise Timm, consultora em Desenvolvimento na Primeira Infância do UNICEF, explica que as atividades da Semana do Bebê Quilombola são realizadas a partir de uma metodologia de escuta das comunidades. “A Semana do Bebê Quilombola em Alcântara, assim como tem sido feito há anos em Bequimão, foi planejada e organizada junto com as comunidades. Em um primeiro momento, realizamos oficinas com a gestão municipal da cidade para entender com quais possíveis atividades cada secretaria poderia contribuir. Depois, promovemos visitas e rodas de conversas com as comunidades para mobilização em relação à infância quilombola e para escutar quais atividades essas comunidades gostariam que fossem realizadas na Semana, tendo em vista que é uma programação voltada para as crianças e para as famílias. Então, fomentamos um evento que levasse em consideração cada questão local, desde histórias locais, saúde, educação, até a valorização das manifestações culturais”, disse.

Depois de 10 anos de experiência comprovada com impactos na melhoria do cuidado com os bebês e na proteção dos saberes ancestrais, a SBQ foi estendida este ano para a cidade de Alcântara e, por meio do Selo UNICEF 2021-2024, começou a ser expandida também para o estado do Pará, alcançando cerca de nove municípios com forte presença de comunidades quilombolas que passaram a adotar a metodologia.

A professora Claudett Ribeiro explica que tudo nasce do movimento e da vida das próprias comunidades: “Tivemos um movimento pronto, com liderança das próprias comunidades de Alcântara. Destacamos que a Semana do Bebê Quilombola não é uma ação social como comumente é feita. É uma prática educativa em que a disseminação de conhecimentos, ciências, tecnologias e, principalmente, de troca de saberes é o espaço onde se ensina, mas também se aprende muito de um povo que nem sempre nós incluímos nas nossas práticas”, realçou.

Em Alcântara, aproveitou-se todo o trabalho de mobilização social que foi realizado previamente pelo UNICEF e o Instituto Alok na época mais difícil da pandemia da covid-19, quando foram doadas e instaladas as chamadas Estações de Lavagem de Mãos nas escolas e comunidades. O cuidado mútuo se fortaleceu ali. “A partir da concepção metodológica de mobilização estratégica, a gestão municipal de Alcântara está experimentando, então, todo o processo de construção de uma Semana do Bebê com foco nas crianças que moram em comunidades quilombolas. Acompanho o processo há 10 anos e identifico que há alteração real dos indicadores sociais sobre a primeira infância”, complementa Claudett Ribeiro.

Sindylly Ribeiro, uma das adolescentes mobilizadoras da Semana do Bebê Quilombola na sua comunidade de Peroba, em Alcântara, relata sua experiência com a iniciativa: “Com a participação no projeto da Semana do Bebê Quilombola, pude aprender muita coisa. Trabalhar em eventos como esse tem suas dificuldades, mas no final vale muito a pena ver tudo concluído e que até saiu melhor do que o planejado! Todos os esforços valeram a pena. Espero que possam ter outros eventos para que continue existindo essa união dos pais com cada profissional das escolas da comunidade. Agradeço a todos que ajudaram neste projeto!”

Tiago Araújo, um dos adolescentes mobilizadores em outra comunidade, a de Pavão, também descreve sua experiência: “A Semana trouxe o despertar para os cuidados da saúde, proteção e assistência social na primeira infância. Conseguimos abranger toda a comunidade com uma semana repleta de atividades educacionais. Quando uma criança brinca, desperta muitas coisas, como sorrisos, criatividade e confiança. Principalmente, quando um adulto brinca junto. É nessa hora que os direitos delas são validados, pois as crianças constroem, dentro de si, uma fortaleza”, finalizou.

A Semana do Bebê Quilombola em Alcântara impactou mais de 500 crianças, adolescentes, familiares, profissionais e gestores de políticas públicas e entrou nos futuros planos municipais voltados para a primeira infância no município. O UNICEF espera multiplicar a metodologia em outras localidades em parceria com o governo do estado e as prefeituras dos municípios maranhenses, a partir de 2023.

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Ida Pietricovsky de Oliveira
Especialista em Comunicação
UNICEF Brasil
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