A importância dos povos indígenas
No Brasil existiam tribos que habitavam o nosso território em momentos anteriores à chegada dos colonizadores europeus, sendo reconhecidos como os povos originários do Brasil. Apesar de possuírem raízes semelhantes, esses povos partilham de diferenças entre si, que variam de acordo com suas regiões, origens, línguas e culturas.
Para a Organização das Nações Unidas (ONU), o indígena pode ser identificado segundo conceito elaborado em 1986: “As comunidades, os povos e as nações indígenas são aqueles que, contando com uma continuidade histórica das sociedades anteriores à invasão e à colonização que foi desenvolvida em seus territórios, consideram a si mesmos distintos de outros setores da sociedade, e estão decididos a conservar, a desenvolver e a transmitir às gerações futuras seus territórios ancestrais e sua identidade étnica, como base de sua existência continuada como povos, em conformidade com seus próprios padrões culturais, as instituições sociais e os sistemas jurídicos”.
No que se refere à preservação ambiental, os povos indígenas ocupam um papel central na discussão. Esses povos enxergam a natureza como uma entidade sagrada e espiritual, reconhecendo a importância da sua preservação não apenas no presente, mas também para as gerações futuras. Dessa forma, pensar e manter a cultura dos povos indígenas é uma forma de preservar nossas raízes e contribuir para a construção de um mundo melhor. Por essa razão, a ONU estabeleceu o Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 9 de agosto.
Além disso, o mês de agosto é reconhecido como o Mês da Juventude, por isso devemos fazer uma reflexão sobre o papel dos jovens indígenas e suas contribuições para o mundo. Um exemplo inspirador é a jovem ativista Txai Suruí, que emocionou todos ao discursar na 26ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP) em 2021. Em seu discurso, Txai Suruí enfatizou a importância dos povos tradicionais e trouxe à tona a relevância das vozes indígenas na luta pela sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Ela afirmou: “Os povos indígenas estão na linha de frente da emergência climática, por isso, devemos estar no centro das decisões que acontecem aqui. Nós temos ideias para adiar o fim do mundo”.
Direito das crianças indígenas
“Desde que ela se apresentou na escola dizendo que era indígena e morava na aldeia, começou a ser alvo de comentários racistas”, relata a Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme). Esse é só mais um dos diversos casos que assolam crianças indígenas na sociedade brasileira.
Segundo a Constituição Brasileira de 1988, é direito dos povos indígenas ter suas manifestações culturais protegidas: suas línguas, seus costumes e suas organizações sociais. Ainda, segundo a Lei 8.069/1990, é assegurado às crianças e aos adolescentes: “todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade”.
Com base na legislação vigente no País, é possível concluir que é um direito indígena se expressar culturalmente. Logo, situações como a mencionada pela Apoinme são inaceitáveis em qualquer círculo social e, por essa razão, as crianças indígenas devem ser protegidas, além de ter seus direitos garantidos conforme a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente.
O futuro é ancestral
No dia 12 de agosto é celebrado o Dia Internacional da Juventude. A data foi criada pela ONU em 1999 após a Conferência Mundial dos Ministros Responsáveis pelos Jovens, com o objetivo de conscientizar a juventude sobre suas responsabilidades e seu protagonismo no futuro do planeta.
Você deve ter percebido a força crescente da juventude ocupando espaços nas ruas e na internet, de modo geral, nos últimos tempos, utilizando os meios públicos, políticos, sociais e culturais.
O protagonismo da juventude indígena tem mostrado a importância de um entendimento ancestral, bem como da necessidade da sustentabilidade no mundo de hoje, para construir um futuro melhor.
Essa sabedoria dos povos ancestrais nos mostra o caminho para mudar a forma como enxergamos a vida e nossa relação com a natureza. Há um futuro sustentável que podemos alcançar, mas somente se resgatarmos o passado e seus ensinamentos e passarmos a enxergar o hoje, o ontem e o amanhã como um só.
Para isso, podemos começar a nos questionar sobre a exploração dos recursos naturais do planeta: Nosso modelo de civilização é sustentável? Como é a nossa relação com a economia sustentável? Levamos em conta a diversidade sociocultural do planeta no processo de globalização? Esses são só alguns de muitos passos que podemos utilizar para mobilizar o debate sobre o assunto.
Vamos regenerar saberes
A regeneração de saberes é um processo que envolve a recuperação, preservação e revitalização das tradições, práticas e conhecimentos ancestrais transmitidos pelas comunidades indígenas ao longo de gerações.
As culturas indígenas possuem um vasto conhecimento sobre a biodiversidade, os ciclos naturais e as técnicas de manejo sustentável. Por meio desse resgate, podemos aprender com as comunidades e integrar esse conhecimento ancestral às práticas contemporâneas, promovendo uma relação mais equilibrada com a natureza.
Ao adotarmos essa conduta, capacitamos as gerações presentes e futuras para que enfrentem os desafios ambientais de forma mais consciente e responsável. Essa conexão com a sabedoria ancestral indígena representa uma ação transformadora que nos capacita a construir um futuro sustentável.
Unir o conhecimento científico com os saberes tradicionais abre portas para soluções inovadoras e colaborativas diante dos problemas ambientais atuais. Essa união de conhecimentos é uma poderosa ferramenta para alcançar um equilíbrio no futuro e garantir a preservação dos recursos naturais para as próximas gerações.
Referências
- A importância dos povos indígenas para a preservação da natureza
- O que você precisa saber para entender a crise na Terra Indígena Yanomami | Instituto Socioambiental
- Ministério da Saúde declara emergência em saúde pública em Território Yanomami
- Dia Internacional dos Povos Indígenas é celebrado em 9 de agosto
- Constituição
- L8069
- Criança indígena sofre racismo dentro da escola do Sesc de Aracruz – Século Diário
- O direito às raízes
- Dia Internacional dos Povos Indígenas – Espaço do Conhecimento UFMG
- Dia da Juventude: entenda a importância dos jovens para a sociedade | Oxfam Brasil
- Saberes indígenas, muito além do romantismo – Outras Palavras
- Povos indígenas: quem são e qual sua importância