As mulheres ocupam cada vez mais espaço na sociedade atual, indo contra o papel social que ocupavam anteriormente. De início, as mulheres possuíam um papel voltado, principalmente, para o trabalho doméstico, como donas de casa, mas foi a partir do surgimento das indústrias no País que as mulheres começaram a se inserir no mercado de trabalho. Com a Constituição Brasileira de 1934, elas passaram a ter direitos trabalhistas e a exercer atividades para além das de “mãe e esposa”, tendo na década de 70 apoio dos movimentos feministas que surgiram exigindo mais direitos para as mulheres.
Apesar de termos direitos iguais, ainda é comum vermos desigualdade de gênero dentro do ambiente de trabalho – por exemplo, as mulheres ganharam em média 20,50% menos do que os homens no 4º trimestre de 2021, contra 19,70% a menos no final de 2020 mesmo quando se comparam escolaridade, idade e categoria de ocupação equivalentes, além de tudo, devido à jornada dupla da mulher, ela tende a ter dificuldade de se inserir no mercado de trabalho. Segundo o International Business Report de 2014, 47% das corporações do mercado brasileiro, não possuem mulheres em cargos de liderança. Esses números demonstrados acima caracterizam uma sociedade ainda em evolução.
Há mais dúvidas sobre as qualificações/capacidades das mulheres do que dos homens. Uma pesquisa encabeçada pelo Instituto Ipsos aponta que três em cada dez pessoas no Brasil se mostram desconfortáveis em ter uma mulher como chefe.
Segundo dados da Pnad 2006, as mulheres possuem dupla jornada e assumem a maior parte do trabalho doméstico e da responsabilidade com os filhos, muitas delas possuem dificuldade em conciliar a vida profissional com a pessoal, especialmente a maternidade, levando a escolha entre carreira e família – escolha essa que não é colocada aos homens, mostrando uma grande desvantagem das mulheres no mercado de trabalho.
Por outro lado, é importante mostrar que a presença das mulheres em cargos de liderança tem sido cada vez maior, e o Brasil tem avançado em torno da igualdade de gênero no ambiente de trabalho – ainda que em passos lentos. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea – 2019), a projeção é de que as mulheres empregadas no País cheguem a 64,3% no ano de 2030. Uma outra pesquisa, dessa vez da Fundação Getúlio Vargas (FGV – 2022) mostrou uma relação positiva entre o desempenho em ESG (environmental, social and governance – ambiental, social e governança) e a presença de mulheres na diretoria e no conselho de administração das empresas. Ou seja, a sensibilidade das mulheres para assuntos que dizem respeito às questões ambientais, sociais e de governança contribui muito para o avanço das empresas.
Temos aqui muitos dados interessantes para se pensar sobre a posição da mulher no mercado de trabalho: os desafios históricos e atuais, a discriminação, as vantagens de sua presença em cargos de liderança, e por aí vai. Mas o ponto principal para se pensar aqui é: as mulheres representam uma força de trabalho valiosa que vem crescendo, porém não sem obstáculos, e ainda há muito a se expandir – tanto em termos de direitos quanto de contemporização para a atuação feminina no mercado de trabalho.