Inteligência Artificial e Desinformação

Um novo fenômeno

#tmjUNICEF
30 maio 2023

Quando os assuntos são a desinformação e a disseminação de notícias falsas, é evidente a necessidade de se discutir a dificuldade de filtrar e buscar a veracidade da grande quantidade de informações que chegam a nós diariamente. Tal dificuldade pode ser explicada pelo grande número de fontes de divulgação de dados e de notícias, como as redes sociais, que nem sempre são confiáveis e que, ainda assim, em razão da globalização e da facilidade de alcance dos grandes públicos gerada pela internet, se espalham rapidamente.

Principalmente notícias falsas, que se espalham nas redes sociais de diversas formas, como, por exemplo, a priorização de conteúdos sensacionalistas e polêmicos por algoritmos de recomendação, aumentando sua popularidade. Perfis falsos são usados para espalhar desinformação em grande escala. Além disso, as pessoas, por conta própria, compartilham notícias sem verificar sua autenticidade, contribuindo para a disseminação de notícias falsas. A falta de regulamentação e a velocidade com que certas informações se espalham, nas redes sociais, também, contribuem para a disseminação dessas notícias enganosas.

Diante desse cenário, um grande problema vem se alastrando ao longo dos anos: a sociedade vem se alienando com informações entregues de forma fácil e prática, as quais, muitas vezes, não têm veracidade comprovada, em posts ou links com apenas uma determinada parte do assunto, e não a sua fundamentação completa, o que pode levar a uma compreensão completamente distinta daquela inicial. Por essa razão, o ser humano tem ficado cômodo com esses facilitadores, limitando-se a não ir atrás de fontes ou de qualquer artigo no qual possa aprofundar o conhecimento ou verificar a veracidade das informações encontradas, facilitando a disseminação de fake news.

Ainda dentro desse contexto, é necessário abordarmos sobre a inteligência artificial (IA), que pode ser considerada a maior criação do nosso século, pois esse dispositivo “pensa como uma pessoa” e produz documentos, imagens e textos a partir de informações disponibilizadas, como o famoso ChatGPT, um modelo de inteligência artificial que responde a perguntas e fornece informações com respostas coerentes e contextuais. O objetivo da ferramenta é promover apoio conversacional e solucionar dúvidas com precisão. Um dos grandes problemas surgidos e que deve ser enfrentado é o fato de que os documentos por ela criados podem não ser detectáveis em alguns sites ou máquinas antiplágio, pelo fato de elaborar textos de modos diferentes, em uma tentativa de expor os resultados como um ser humano abordaria aquele determinado assunto. Dessa forma, futuramente, poderemos enfrentar problemas relacionados, por exemplo, à autoria de trabalhos científicos e acadêmicos, diante do uso sem moderação desse novo instrumento.

Outro grande problema é que, automaticamente, a nossa mente compreende que não é mais necessário pensar tanto, pois há uma ferramenta que “substitui” a nossa intelectualidade. De início, a IA veio com o intuito de somar e facilitar nossa vida, ou seja, como um auxílio para buscas mais eficazes e rápidas. Por outro lado, será que pode ser considerada indiscutivelmente confiável, já que pensa como um indivíduo?

Portanto, pesquisadores alertam que a sociedade está sendo parte de um experimento para verificar como os indivíduos agirão em relação à inteligência artificial. No futuro próximo, é provável que enfrentemos desafios adicionais na identificação da verdade e na verificação de informações devido ao avanço tecnológico. Com o surgimento das técnicas avançadas de manipulação de mídia, como as deepfakes (manipulação de mídia que usa inteligência artificial para criar fotos, vídeos ou áudios falsos), pode se tornar mais difícil distinguir o que é real do que é falso. Um exemplo recente, que pode ilustrar essa questão, é a foto do papa Francisco vestido com um casaco de grife, extremamente realista e que gerou grande polêmica nas plataformas digitais. A foto foi veiculada, até mesmo, em portais oficiais de notícias e somente foi desmentida e reconhecida como uma obra de ferramentas de IA horas após a sua divulgação inicial maciça.

Assim, é fundamental a atenção de todos para que mais desinformação não se faça presente na sociedade moderna, na qual há o receio da extinção da intelectualidade natural. Nesse sentido, esperamos que sejamos capazes de exercitar o nosso raciocínio lógico e pensamento crítico, pois, dessa maneira, teremos a sensibilidade de compartilhar informações verdadeiras, seguras e estudadas.

1. Pesquisa: Ana Letícia Pires Bastos, Lívia Maria de Oliveira, Eduardo Dornelas de Castro, Ellen Gabriela Vitor Toledo da Silva, Eloá Vaz Apóstolo de Lima, Emily Borges Honorato, Giovanna Belchior, Lais Ferrarez Bueno, Laís Helena Pacheco Silva, Maria Luísa Guerra, Rayssa Lisbôa França, Sâmella de Souza Araujo, Samuel Rumão Batista, Victória Araújo Viana, Lana Laíse Dias e João Marcos Ferreira Araújo.

2. Apuração: Brenda Liliane, Isabela Cardoso, Yasmin Eduardo e Eduardo Dornelas de Castro.

3. Redação: Paula Natsumi Vasconcelos Iamassita e João Marcos Ferreira Araújo.

4. Revisão: Alessandra Giovana Moser, Maria Luiza Azevedo, Letícia Morais de Almeida, Greicy Kelly, Brenda Letícia Nascimento Schumann, Maria Rita Schwinden, Renata de Mello, Júlia Miranda Quagliatto, Danielle Silva Cavalcante, Raíssa de la Torre, Jakeline Barra Nascimento, Rebeca Fernandes Seti, Marina Rodrigues Godinho, Ísis Cruz, Nathalia Uryu, Ester de Aguiar, Geovana Duarte de Sousa e Ludmila Harumi Baesso.

Blog escrito pelas voluntárias e pelos voluntários do #tmjUNICEF, o programa de voluntariado digital do UNICEF. São adolescentes e jovens de todo o Brasil que participam de formações sobre direitos de crianças e adolescentes, mudanças climáticas, saúde mental e combate às fake news e à desinformação.

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