A COP – Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – é a maior conferência realizada no mundo sobre mudanças climáticas. Os 196 países-membros das Nações Unidas participam enviando representantes oficiais dos governos, líderes políticos, cientistas, ativistas, membros da sociedade civil, organizações e empresas de diversos países. O evento é realizado anualmente desde 1995, com o objetivo de discutir as mudanças no clima e como os países pretendem combatê-las, além de lançar medidas mitigadoras.
Em novembro de 2022, entre os dias 6 e 20, ocorreu a 27º sessão da COP em Sharm el-Sheikh, no Egito. Foram duas semanas de discussões sobre o enfrentamento e a mitigação da crise climática. Como resultado, foi mantida a meta de que o aumento da temperatura global anual não passasse de 1,5 ºC e foi assinado um acordo para fornecer financiamento de "perdas e danos" para países vulneráveis duramente atingidos por desastres climáticos – uma das questões polêmicas em relação à justiça climática.
A COP 27 teve como principal medida um pacote de decisões entregue pelos países com o objetivo de reforçar as ações locais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e se adaptar aos impactos inevitáveis das mudanças climáticas, além de aumentar o apoio financeiro, tecnológico e de capacitação necessário para os países em desenvolvimento.
É válido lembrar que o Brasil ocupa posição central nas discussões, em razão da importância da Amazônia na manutenção do clima mundial e dos problemas ambientais protagonizados nos biomas, como as queimadas e o desmatamento crescentes. O Brasil também é central quando pensamos em ativismo. Nos últimos anos, temos sido protagonistas e muitos que lutam por ações reais para conter a crise climática estão ganhando cada vez mais destaque, especialmente os jovens.
Nomes como Samela Sateré Mawé, Amanda Costa, Artemisa Xakriabá, Txai Suruí e muitos outros e outras estão mostrando todos os dias que a voz dos jovens deve ser ouvida e que a juventude está trazendo propostas que podem mudar a nossa relação com o meio ambiente agora. Eles demonstram, colocando a mão na massa, o peso das ações locais e estão a cada dia que passa aumentando, também, o seu peso no campo internacional.
Inclusive, neste ano, foi implementado pela primeira vez em uma COP o Dia da Juventude. Um dia focado em escutar e debater com adolescentes e jovens suas perspectivas para o futuro do planeta e do clima. O Dia da Juventude foi inovador e mostrou que a juventude está e sempre esteve preparada para participar das discussões de alto nível.
Outro ponto importante foi que as crianças e as juventudes, pela primeira vez, foram inseridas e reconhecidas no documento principal como “agentes de mudança”. A participação dos mais jovens na tomada de decisão é essencial para que o mais novo direito a um meio ambiente limpo, saudável e sustentável para todos seja implementado e cumprido com seriedade.
Hoje, por meio da presença nas redes sociais, somos os principais vetores de educação ambiental e de disseminação dos mais diversos conhecimentos para toda gente. Já passou da hora de sermos não só escutados, mas levados a sério na hora da implementação de políticas públicas que nos impactam diretamente. E a presença das mais diversas juventudes nos mais diversos espaços da COP 27 como protagonistas demonstra que a mudança para uma maior inclusão já começou.
* Escrito por: Vanessa Braga C. de Oliveira e Sarah de Jesus Silva dos Santos
Entrevista por: Júlia Saint Martin
Revisado por: Júlia Saint Martin e Vitoria dos Santos Turquenitch
Adolescentes e jovens brasileiros na COP 27

Para dar visibilidade e reconhecimento à importância da participação de crianças e adolescentes nos debates e na construção de soluções para a crise do clima, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a organização da sociedade civil Viração Educomunicação levaram três jovens ativistas ambientais de diferentes regiões do Brasil para a COP 27.
Maria Eduarda Silva, 19 anos, de Bonito, em Pernambuco; Victor Medeiros, de 18 anos, do Litoral Sul de São Paulo; e Tainara da Costa Cruz, 18 anos, do povo kambeba, da comunidade Três Unidos, localizada na Área de Proteção Ambiental, na margem esquerda do Rio Negro, no Amazonas, juntaram-se a um grupo de 40 meninas e meninos brasileiros, de diversos coletivos e organizações sociais, que estão representando a adolescência e a juventude brasileira na conferência.