Saneamento Total Liderado pela Comunidade: Despertar para promover a saúde e o saneamento
Com o apoio do BFA, comunidades na província do Cunene têm a higiene e o saneamento melhorados

Ondjiva, Janeiro 2021 - Na província do Cunene, com o apoio do Banco de Fomento de Angola (BFA), várias comunidades estão a ser motivadas para melhorar o seu próprio saneamento através de um processo denominado despertar da comunidade como parte da iniciativa Saneamento Total Liderado pela Comunidade.
O foco principal da iniciativa é promover uma mudança nas atitudes relacionadas ao saneamento, através da construção de latrinas com materiais locais. Este facto leva a uma melhoria do saneamento ambientalcom a baixa da malnutrição e casos de diarreias. Este programa comtempla também o tratamento de água caseiro.
O Saneamento Total Liderado pela Comunidade (STLC) é um método utilizado pelas comunidades para alcançar a condição de “comunidade sem defecação ao ar livre” (SDAL– Sem Defecação ao Ar Livre), através da construção de latrinas e da garantia de que todas as famílias lavem as mãos com água e sabão ou cinza.
“A saúde da minha família melhorou muito porque ninguém mais vai defecar ao ar livre” disse Marcelina Hinahope de 57 anos mãe de 8 filhos, casada, residente na Aldeia de Chicusse Município da Kahama, Cunene.
“Nunca tivemos iniciativa de ter uma latrina, mas assim que apareceram os técnicos de desenvolvimento comunitário que realizaram as actividades de despertar” afirmou Marcelina.
A camponesa acrescentou ainda que a o inicio da iniciativa permitiu terem mais noção dos perigos da falta de higiene e saneamento ”Víamos muitas moscas a pousar na comida e nas fezes, começamos a sentir vergonha e descobrimos que afinal é assim que apanhamos doenças”, lembrou.

O estado de “comunidade sem defecação ao ar livre” indica que todas as famílias da comunidade utilizam a sua própria latrina e aplicam boas práticas de lavagem das mãos. Uma particularidade desta abordagem é que as comunidades não recebem dinheiro nem das ONGs nem do Governo para construírem latrinas. Em vez disso, a própria comunidade toma a decisão de mudar as suas condições sanitárias, após o despertar, e utilizar materiais acessíveis locais para construir latrinas familiares.
Bonifácio Kapena, de 57 anos de idade residente na Aldeia de Hakeke Comuna de Ombala Yo Mungo, conta que “Depois de participar da caminhada de vergonha e chegar no local onde as pessoas têm ido defecar pisar os excrementos, saio do local com um sentimento de repugna”.

“Assim que demonstraram as ferramentas, constituidas por fezes-comida e água, deu-nos muita força de construirmos as latrinas. Agora vamos incentivar todas famílias para que cada um tenha sua latrina para uma saúde adequada” promete Bonifácio após ter participado das sessões de conscientização em que foram demonstradas a relação entre defecação ao ar livre e as doenças.

Naimi Francisco, 30 anos de idade, vive na comuna de Akeke, na Kahama, Cunene, e é mãe de 5 filhos. Ela afirma que com a sensibiliação dos agentes, tomou consciência que durante muito tempo a sua comunidade tem se colocado em risco por falta de informação, acrescenta que por via do a Despertar e após terem visitado os locais de defecação e houve também uma elevação da consciência e a necessidade de tomada de acção do resto da comunidade
“Quando fizemos a caminhada de vergonha chegamos na área onde toda agente da aldeia tem ido defecar, ficamos todos envergonhados perante as visitas. A conclusão da maioria da aldeia foi abraçar o programa e rapidamente construirmos latrinas familiares”, rematou.
As pessoas que se voluntariam para ajudar a melhorar as condições sanitárias da sua comunidade após o despertar constituem os “Líderes Naturais”. Depois de compreender a necessidade de boas condições de saneamento e de querer usar latrinas, estas passam a ser bem utilizadas e conservadas nas comunidades de STLC. As doenças também são consideravelmente reduzidas.
Dados do Censo 2014 indicam que mais de dez milhões de pessoas em Angola não têm acesso a infraestruturas adequadas de saneamento, e os índices de defecação ao ar livre são em média 40%. Apenas cerca de 38,6% da população declara lavar as mãos depois de defecar. Como consequência, a incidência de doenças de contaminação fecal-oral continua a afectar o país, registando-se surtos de diarreias, febre-amarela ou de malária e a ocorrência de casos de cólera.
O Saneamento Total Liderado pela Comunidade constituiu uma importante ferramenta para alcançar a melhoria das condições sanitárias e ambientais no país e, consequentemente, da qualidade de vida das populações e escolas. Neste sentido, Chicusse, Akeke, Ombala Yo Mungo, fazem parte das comunidades do Cunene, que trabalham no sentido de constarem da lista de das mais de 100 aldeias certificadas como Livres da Defecação ao ar Livre (ODF), após a implementação do projecto Saneamento Total Liderado pela Comunidade (STLC) na província Cunene.