Da estatística económica para estatística de saúde: jovem quer melhorar o sistema de saúde de Angola
Projecto apoiado pelo UNICEF e financiado pela TAKEDA ajuda a melhorar sistema de informação sobre saúde

HUÍLA, Angola – Rosa Soma, um nome interessante que na sua tradução literal envolve a Rosa e a operação matemática de adicionar. O mais interessante de tudo é que Rosa tem uma paixão por números. Nascida na Província da Huíla tem 33 anos de idade e é formada em estatística económica. Trabalha no Departamento de Saúde Pública onde tem exercido a sua função de estatística provincial do departamento e ponto focal do Sistema de Informação Sanitária, especificamente DHIS2.
A sua forte paixão pelos números é alimentada todos os dias, quando entra para o seu modesto gabinete apetrechado por um computador, papéis e claro números. O trabalho de Rosa vai muito além dos números; ela tem tido uma contribuição directa na melhoria do sistema de informação sanitária da província da Huíla e na base de dados nacional.
“Sinto – me envolvida no processo de melhoria dos dados da saúde na província da Huíla que está constituída por 14 municípios, embora a taxa de notificação não tem sido acima de 60%, mas já a três meses que a província vem melhorando através dos nossos encontros periódicos e supervisão formativa”. Afirma Rosa, orgulhosa por contribuir para a melhoria do sistema de informação sobre saúde na província.
Da paixão a realização
Rosa tem vivido toda a sua vida na província da Huíla, nasceu e cresceu no meio de muitas dificuldades e desafios para se formar e garantir a sua subsistência. Desde muito cedo teve o sonho de formar-se em economia isto por causa da paixão que tem pelos números. A questão do acesso e disponibilidade de serviços médicos e assistência médica a população da sua comunidade, despertou em Rosa o desejo ardente de através das suas habilidades contribuir no sector de saúde, “sempre dei o meu contributo para a área da saúde como estatística”, diz Rosa Soma, que começou a trabalhar na área em 2010 quando ingressou na maternidade Provincial da Huíla.
No entanto foi em 2017 que Rosa tomou conhecimento de um projeto-piloto iniciado em 2016 na Província do Huambo pelo Ministério da Saúde, para a implantação do sistema de informação em saúde. No âmbito desta iniciativa foram projectados diversos graus de implementação em cada uma das 18 províncias. Rosa não hesitou e colocou-se na linha da frente para abraçar o projecto tão logo fosse estendido para a província da Huíla, e consequente pela sua dedicação e paixão é hoje uma figura central no processo.

Sistemas de informação de Saúde: Transição digital
O DHIS2 é uma plataforma digital flexível que fornece vários recursos de visualização, incluindo gráficos e tabelas dinâmicas e que tem permitido as autoridades dentro da área de saúde recolher, gerir e analisar dados. Funciona em computadores, tablets, smartphones e outros aparelhos de fácil aquisição.
Em Angola a implementação desta plataforma faz parte de um projecto desenvolvido pelo UNICEF em apoio ao Governo local, com o financiamento da Companhia Farmacéutica Takeda que identificou e abraçou uma oportunidade para apoiar o Programa de Saúde do UNICEF em África, com foco no fortalecimento dos sistemas de saúde.
À medida que Angola avança com o processo da implementação de sistemas electrónicos de informação de dados de saúde através da plataforma DHIS2, técnicos como a Rosa estão na vanguarda da transição digital, cujos potenciais benefícios para todo o sistema de saúde são significativos - tanto para gestores como para doentes, incluindo crianças.

Embora muitos municípios na província da Huíla apresentem sérias dificuldades com o sinal de internet, fraco fornecimento da distribuição da corrente eléctrica, o município do Lubango em que Rosa esta sediada tem sido uma rara excepção.
A plataforma DHIS2 melhora a qualidade dos dados visto que o próprio sistema detecta erros, cria base para uma monitoria e avaliação. “Quando havia apenas papel, muitas situações passavam despercebidas, com o sistema em funcionamento é possível verificar-se o cadastro da unidade de saúde e assim sabemos o que aconteceu e é dado o devido tratamento”. Lembra Rosa.

O trabalho de estatísticos como Rosa Soma, vai muito além da simples inserção de dados na plataforma. Precisam conhecer as particularidades de saúde de cada área - do atendimento ao diagnóstico - para preencher os dados correctamente, e ter um maior domínio para poder analisar os dados dos vários programas que constituem a saúde pública dos municípios, com ajuda dos supervisores provinciais.
Entre outros dados, é necessário saber com precisão o número de pessoas atendidas por área, os exames realizados e as doenças confirmadas, proporcionando um panorama completo da região. Também é importante realizar secções de feedback com os supervisores de cada área do programa, para que eles entendam a situação em sua área de responsabilidade.

As tarefas de Rosa só ficam completas após a obtenção dos registos completos de todas as 10 unidades de saúde distribuídas pelo município. O acesso não é fácil: muitas das unidades encontram-se afastadas do concelho central, têm poucos profissionais, pouca ou em alguns casos nenhuma rede de comunicação e comunicar os números nem sempre aparece como prioridade em muitas unidades locais.
O que me motiva a trabalhar todos os dias é ver Angola melhor e desenvolvida e assim como no mundo digital estarmos no mesmo patamar que outros países... É difícil, mas sei que meu trabalho vai impactar o sistema”, Rosa conclui que as estatísticas são a base para a tomada de decisões e que os pacientes vão sentir os impactos com o tempo.