115 milhões de meninos e homens no mundo casaram-se ainda crianças
A primeira estimativa global sobre os noivos infantis eleva o número de casamentos precoces para 765 milhões de pessoas. Em Angola, 8% dos homens casam-se com menos de 18 anos

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NOVA IORQUE, LUANDA, 7 de junho de 2019 - Estima-se que 115 milhões de meninos e homens em todo o mundo casaram-se quando crianças, mostra o UNICEF na sua primeira análise sobre noivos infantis. Destes, 1 em cada 5 – ou 23 milhões de crianças – casaram-se antes mesmo dos 15 anos.
Usando dados de 82 países, o estudo revela que o casamento infantil de meninos ocorre em vários países ao redor do mundo, incluindo a África Subsaariana, América Latina e Caribe, Sul da Ásia e o Leste Asiático e Pacífico.
Em Angola, 8% dos meninos e homens casaram-se antes de completar 18 anos, de acordo com o Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde 2015-2016 (IIMS 2015-2016).
"O casamento rouba a infância", disse a Directora Executiva do UNICEF, Henrietta Fore. “Os noivos infantis são forçados a assumir responsabilidades adultas para as quais podem não estar preparados. O casamento precoce traz a paternidade precoce e, com isso, aumenta a pressão para que o menino sustente a família, reduzindo o acesso à educação e às oportunidades de emprego.”
De acordo com os dados, a República Centro-Africana tem a maior prevalência de casamento infantil entre os homens (28%), seguida pela Nicarágua (19%) e Madagáscar (13%).
Considerando as 650 milhões de meninas e mulheres hoje vivas que também se casaram ainda crianças, o número total de noivas e noivos infantis chega a 765 milhões. As raparigas são portanto muito mais afectadas: globalmente, 1 em cada 5 mulheres jovens com idades entre os 20 e os 24 anos casou-se antes dos 18 anos, em comparação com 1 em cada 30 rapazes.
Fenómeno parecido verifica-se em Angola, onde 30% das meninas e mulheres casam ou vivem em união de facto antes dos 18 anos.
Embora a prevalência, as causas e o impacto do casamento infantil de meninas já tenham sido amplamente estudados, pouca pesquisa existe sobre o casamento infantil de meninos. Mas independentemente do género, sabe-se que as crianças com o maior risco de contrair matrimónio provêm dos agregados familiares mais pobres, vivem em áreas rurais e têm pouca ou nenhuma educação.
“Ao comemorarmos o trigésimo aniversário da adopção da Convenção sobre os Direitos da Criança, precisamos lembrar que casar meninos e meninas enquanto eles ainda são crianças vai contra os direitos consagrados na Convenção”, disse Fore. "Através de mais pesquisas, investimentos e capacitação, podemos acabar com essa violação dos seus direitos."
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Notas para os editores
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As estimativas da prevalência global e regional de noivos infantis são calculadas com base nas estimativas nacionais das bases de dados globais do UNICEF, compostas de dados nacionalmente representativos de 82 países. Os dados nacionais sobre o casamento infantil são extraídos principalmente de pesquisas domiciliares, incluindo Inquéritos de Indicadores Múltiplos apoiados pelo UNICEF e Inquéritos Demográficos e de Saúde (DHS) apoiados pela USAID. Os dados demográficos são extraídos do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, Divisão de População.
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